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Os quatro trabalhos que completam a seção estão imersos na proble-
mática clínica, embora com ênfases diferentes em cada um.
O artigo de C. Levin apresenta um caso permeado pela problemática
urgente da violência intrafamiliar. O contexto da pandemia que envolve
a história é abordado nas duas incidências que teve, tanto pelo agrava-
mento dos vínculos patológicos quanto pelo desao que representou o
trabalho terapêutico à distância, especialmente em casos tão sensíveis.
A contribuição de R. Tagliabue retoma um clássico da clínica infantil: a
chegada do irmão. Seu foco, além de expor teorias anteriores sobre o
tema, aponta com originalidade para o conceito de alteridade e sua co-
nexão com a ativação da pulsão epistemofílica.
O artigo de C. Baeza e J. Black aborda o espinhoso tema do autismo; um
assunto difícil devido aos desaos teóricos, clínicos e sociais que apre-
senta. A promulgação de uma lei regulatória no Chile que busca prote-
ger a inclusão, atenção integral e os direitos das pessoas com esse diag-
nóstico proporciona uma oportunidade para reetir sobre o impacto na
realidade - neste caso jurídica - que pode resultar da divulgação pública
de questões de saúde mental. As autoras também questionam o efeito
recursivo da lei, ou seja, como as mudanças legais e as novas condições
de convivência social que se procuram consagrar impactam a subjetivi-
dade das pessoas com autismo.
Fechando esta seção de Artigos Cientícos, temos a contribuição de L.
Soria, que, a propósito do quadro psicoterapêutico, discute o conceito
de “tocar” em suas diferentes acepções, desde o contato físico concreto
até seu sentido metafórico, ou seja, como afetação emocional.
Nas já habituais seções de Direção de Pesquisas e de Entrevistas, o leitor
encontrará propostas muito enriquecedoras.
No caso das pesquisas, são apresentados os avanços das três linhas de
trabalho em desenvolvimento no âmbito da FLAPPSIP: Psicossomática,
Psicanálise e literatura infantil e adolescente, e Assexualidades. Como
mencionado na introdução geral aos três artigos, além da produção de
novos conhecimentos e da proposta de hipóteses inovadoras, esses es-
paços de trabalho coletivo são uma poderosa ferramenta de interco-
nexão entre as Associações. Além disso, como as antigas fotograas
que, durante o processo de revelação, mostravam aos poucos a imagem
capturada, os avanços da pesquisa também vão revelando, aos poucos,
alguns pers característicos de nossa região, como uma matriz subjeti-
vante.
Quanto às entrevistas, também temos uma entrega tripla e, neste caso,
compartilham diálogos com os palestrantes principais convidados para
o XII Congresso da FLAPPSIP: Franco Berardi, Alicia Stolkiner e Marcelo
Viñar. Três visões diferentes e, de certa forma, complementares, sobre
os desaos do momento. Os três autores, com trajetórias destacadas
por suas contribuições ao exame crítico de nossa época, oferecem um
mosaico de perspectivas sobre o funcionamento da nossa sociedade, o
passar do tempo nas diferentes fases da vida, as diferentes atitudes em
relação aos vínculos interpessoais, que vão desde a submissão à hospi