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Neste capítulo também menciona o papel do analista e as resistências que
pode produzir o aceitar ser partener no jogo do paciente, tolerar a trans-
ferência, ajudar a conter e processar as emoções que se situam nele. Por
último, faz uma referência às patologias e à capacidade de brincar, salien-
tando a possibilidade do eu para poder dissociar-se, afastar-se parcialmente
do sentido de realidade e através de fragmentos clínicos, nos adentra nas
complexidades que nós analistas devemos enfrentar frente às diversas
apresentações atuais.
No Capítulo 2, “A agressão” toma a denição de agressão de Winni-
cott, que enfatiza, que o ódio e a destrutividade não são negativos em si
mesmos, mas são experiências fundantes do desenvolvimento emocional.
O lugar onde esta agressão ocorre, e como o outro decodique a mesma,
resultará em sua conotação negativa ou positiva. Retoma a idéia de winnico-
ttiana que a origem da agressão é a motilidade, como ação surgida desde o
biológico na incipiente emergência do psíquico e faz uma descrição exausti-
va de como pode dar-se esta origem. Assume relevância o conceito de mãe
suciente boa, aquela não só capaz de satisfazer as necessidades do bebê,
mas aquela que também dá lugar ao que o eu da criança se instale sendo
protagonista de sua experiência. Finalmente, menciona que esta experiên-
cia de satisfação pode ter variáveis, e que existem pelo menos três padrões
que podem ser úteis para a clínica. O primeiro em que há integração do eu,
sinônimo de saúde e bem-estar. O segundo e terceiro são patológicos, seja
porque o sujeito se sente real quando é destrutivo e cruel ou porque é inca-
paz de armar um eu em contraposição do meio (falso self).
A destruição está em todo processo criativo, não há criação sem destruição
(...). Além disso, todo trabalho de simbolização genuíno, como criação pes-
soal e única, implica destruição. (Tagle, 2016, p. 70)
Nos capítulos 3 e 4 o autor diferencia o conceito de realidade, em suas duas
dimensões como vivência e como experiência, a primeira como aquela cria-
da de maneira onipotente pelo bebê a partir da ilusão, capacidade que se
constitui no interior do vínculo. A segunda relacionada aquilo que se encon-
tra por fora do controle onipotente do sujeito. Esta diferenciação que re-
toma de Winnicott, articula-a com os conceitos de objeto subjetivo, objeto
transicional e fenômeno transicional, que resultam de suma importância
no processo que deve fazer a criança para ir denindo e delimitando essa
passagem do interior e do exterior, do interior e do exterior, da fantasia à
realidade.
No Capítulo 5, encontramos um desenvolvimento interessante da função
do Pai, descreve-o como o encarregado de ajudar a manejar a agressão
da criança no momento da autoarmação, propiciando a manifestação da
agressão, mas dentro de certo enquadramento. Propiciando a integração
da agressão dentro da vida anímica da criança, condição fundamental para
passar do plano da fantasia à realidade exterior.
No Capítulo 6, realiza um percurso pelos diferentes signicados da palavra
ilusão, enfatizando a conotação que lhe dá Freud e Winnicott. Em primeiro
lugar, como aquela onde se localiza o desejo e por isso o inconsciente, e em
segundo lugar a ilusão como potencial criativo, transformador e elaborativo.
INTERCAMBIO PSICOANALÍTICO, 14 (2), 2023, pp 153 - 156
ISSN 2815-6994 (en linea) DOI: doi.org/10.60139/InterPsic/14.2. 15/